A hipertensão é reconhecida como o principal fator de risco para doenças cardiovasculares, causando alta morbidade e mortalidade em todo o mundo. Durante a conferência da European Society of Cardiology (ESC 2024), foi apresentada uma nova diretriz para o diagnóstico, prevenção e tratamento da hipertensão, trazendo atualizações cruciais para médicos e pacientes.
A nova diretriz classifica a pressão arterial (PA) em três categorias:
Para um diagnóstico preciso, é recomendado confirmar os valores obtidos em consultas por meio da medição residencial da PA (MRPA) ou medição ambulatorial da PA (MAPA), evitando erros de diagnóstico.
O rastreamento de hipertensão deve ser feito a cada três anos para pacientes com menos de 40 anos e anualmente para aqueles com 40 anos ou mais. Além disso, o automonitoramento é recomendado para melhorar a adesão ao tratamento e permitir um melhor controle da PA.
Pacientes diagnosticados com PA elevada ou hipertensão devem realizar o automonitoramento de forma contínua, pois isso melhora a aceitação do diagnóstico e facilita o ajuste no tratamento.
A abordagem inicial para pacientes com PA elevada deve ser a modificação no estilo de vida (MEV), focando na redução de sódio, aumento do consumo de potássio (por meio de frutas e vegetais), e prática regular de exercícios físicos (pelo menos 150 minutos por semana). Em caso de persistência dos níveis elevados após três meses de MEV, o tratamento farmacológico pode ser iniciado.
Para o tratamento inicial, a combinação de medicamentos de diferentes classes, como inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA), bloqueadores do receptor de angiotensina II (BRA), bloqueadores de canal de cálcio (BCC) e diuréticos tiazídicos, é recomendada em doses baixas. A reavaliação deve ser feita a cada três meses para ajustar a terapia e garantir o controle da PA.
Uma mudança significativa na diretriz de 2024 é o tratamento da hipertensão em gestantes. Agora, é recomendado o tratamento para todas as gestantes com hipertensão leve (≥140/90 mmHg), com a meta de manter a PA abaixo desses valores durante a gestação.
O diagnóstico precoce é crucial para evitar complicações graves, como infartos, acidentes vasculares cerebrais (AVC) e insuficiência cardíaca. Pacientes que conseguem controlar sua PA nos estágios iniciais da hipertensão têm uma chance significativamente maior de evitar danos a longo prazo. A nova diretriz enfatiza o uso de ferramentas como o ESCORE2, que avalia o risco cardiovascular em 10 anos e auxilia no direcionamento do tratamento mais adequado.